Quando levar uma criança no oftalmologista?
O dia 21 de março foi instituído pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) como o Dia Mundial da Infância com o objetivo de promover uma reflexão sobre a defesa dos direitos das crianças.
No Brasil, há cerca de 16,5 milhões de crianças de até quatro anos de idade, representando 7,8% do total da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o objetivo de promover e proteger a saúde da criança, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC). A política abrange os cuidados com a criança da gestação aos 9 anos de idade, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade. Apesar de os cuidados com crianças e adolescentes serem importantes em qualquer idade, os primeiros mil dias de vida do ser humano são decisivos para o desenvolvimento integral.
Quando levar uma criança no oftalmologista?
O artigo intitulado “Diretrizes brasileiras sobre avaliação oftalmológica de crianças saudáveis menores de 5 anos” de autoria da Dra. Julia Rossetto visa estabelecer orientações para a frequência e natureza dos exames oftalmológicos em crianças saudáveis até 5 anos de idade. Estas diretrizes foram desenvolvidas com base em evidências médicas e na experiência clínica de um comitê de especialistas, incluindo revisão de literatura através de buscas no PubMed/Medline e análise de recomendações de entidades internacionais como a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo.
As recomendações enfatizam a importância do teste do reflexo vermelho, que deve ser realizado pelo pediatra nas primeiras 72 horas de vida e repetido em consultas de puericultura ao menos três vezes por ano até os três anos de idade. É aconselhável um exame oftalmológico completo entre 6 e 12 meses de vidae, posteriormente, pelo menos um exame abrangente entre 3 e 5 anos, incluindo inspeção ocular, avaliação da função visual, testes de motilidade e alinhamento ocular, refração sob cicloplegia e exame de fundo de olho.
Porque levar uma criança sem sintomas no oftalmologista?
O estudo destaca a prevalência de problemas visuais como erros refrativos não corrigidos e ambliopia, que podem impactar significativamente o desenvolvimento, a performance escolar e social da criança. Os resultados do questionário aplicado a membros da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica indicaram um consenso sobre a necessidade de exames oftalmológicos completos no primeiro ano de vida.
A detecção e intervenção precoces são cruciais para prevenir a perda de visão permanente e promover um desenvolvimento visual saudável.
A literatura científica e a prática clínica sustentam a implementação de múltiplos rastreios visuais nos primeiros anos de vida para reduzir a prevalência de ambliopia aos 7-8 anos. A falta de ensaios clínicos randomizados sobre rastreio visual nessa faixa etária não diminui a evidência de que avaliações oftalmológicas repetidas são benéficas.
Conclui-se que as diretrizes são ferramentas essenciais para orientar médicos sobre as melhores práticas oftalmológicas pediátricas, promovendo a detecção precoce e tratamento de condições tratáveis para evitar deficiências visuais permanentes em crianças.
As recomendações devem ser flexíveis, considerando a evidência científica e o julgamento clínico, para garantir cuidados visuais adequados na infância.