Abril Azul - Mês de Conscientização sobre o Autismo
Encerrando o mês multicolorido de abril, hoje vamos falar sobre o Abril Azul!
O Abril Azul foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar as pessoas sobre o autismo e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de trazer mais visibilidade e buscar uma sociedade mais consciente, menos preconceituosa e mais inclusiva. No autismo, o azul estimula o sentimento de calma e maior equilíbrio nas situações em que, por exemplo, a criança apresenta uma sobrecarga sensorial. Atualmente, o autismo é representado pelo símbolo do infinito colorido, escolhido e criado pelos próprios autistas. O logotipo refere-se à neurodiversidade e às várias formas de expressão dentro do TEA.
1 em cada 160 crianças no mundo tem Transtorno do Espectro Autista
O manual desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria define o TEA como um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, podendo ser encontrado em três níveis de suporte: autismo leve, moderado e severo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas são autistas no mundo. Aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria disponibiliza um Manual de Orientação na internet sobre o TEA.
O autismo afeta a visão?
Mas por que nós, da Estação do Olho, um portal sobre saúde ocular, estamos falando sobre autismo? Será que existe alguma relação com a visão? Continue lendo que a gente explica!
Por um lado, crianças com deficiência visual têm dificuldades similares às de crianças com TEA, como dificuldades de aprendizado, interação social e introversão. Elas também podem apresentar sinais que se confundem com autismo, como baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; baixa atenção à face humana e não seguir objetos e pessoas próximos em movimento. Um exame oftalmológico completo pode identificar erros de refração não corrigidos ou outras doenças tratáveis, evitando um falso diagnóstico de TEA e proporcionando à criança as condições para um desenvolvimento educacional e social adequado.
Por outro lado, crianças com TEA também podem ter problemas oftalmológicos, que podem ser negligenciados por concluírem precocemente que os sintomas são exclusivamente secundários ao autismo. Outra causa de atraso no diagnóstico de doenças oculares é a dificuldade em examinar crianças no espectro, principalmente as mais graves como as não-verbais. Em quase a metade das crianças com TEA, a colaboração no exame é pouca ou nula. A prescrição de óculos, quando adequado, ou o tratamento de qualquer doença ocular que possa estar atrapalhando a visão da criança, garante que, apesar das limitações impostas pelo TEA, ela possa interagir e se desenvolver da melhor maneira possível.
Apenas metade das crianças com TEA tem visão normal
Alterações oftalmológicas são mais comuns em crianças com TEA do que na população em geral. Uma em cada cinco crianças com TEA (21.2%) precisa de algum tipo de tratamento oftalmológico, sendo os mais comuns óculos, tampão e injeção de Botox para tratamento de estrabismo. As alterações mais comuns são:
- Astigmatismo (19.7%);
- Miopia (8.2%);
- Hipermetropia (20.5%);
- Estrabismo (15.4%);
- Deficiência de convergência (25.9%); e
- Alterações do nervo óptico (4.4%).
Todas as crianças, dentro do espectro ou não, merecem um exame oftalmológico completo. Só assim podemos garantir que cada uma delas atinja seu potencial!
Fontes:
https://www.gov.br/hfa/pt-br/abril-azul-mes-de-conscientizacao-sobre-o-autismo
https://www.ufpb.br/cras/contents/documentos/cartilha-transtorno-do-espectro-do-autismo.pdf
Impacto da Hipertensão na Visão
A pressão alta, ou hipertensão, é um problema de saúde comum que afeta milhões de brasileiros. Esta condição não só aumenta o risco de doenças cardíacas e derrames (acidente vascular cerebral), mas também representa ameaças significativas à saúde ocular. No Brasil, o impacto da hipertensão na visão é significante, levando a várias complicações oculares que podem afetar severamente a qualidade de vida. Este artigo abordamos a prevalência da hipertensão, suas complicações oculares, níveis de conscientização e controle, disparidades no acesso aos cuidados de saúde e o impacto econômico na população brasileira.
Prevalência da Hipertensão no Brasil
Aproximadamente 24% da população adulta brasileira é afetada pela hipertensão, com a maior prevalência aumentando com a ideade. A hipertensão é um problema de saúde pública devido por ser muito comum e ao risco elevado de complicações associadas. Medidas de prevenção e controle são essenciais para reduzir o impacto dessa condição na saúde da população.
Conscientização e Controle da Hipertensão
Apenas 50% dos indivíduos hipertensos no Brasil estão cientes de sua condição, e entre esses, apenas 45% têm sua pressão arterial adequadamente controlada.
A falta de conscientização e controle efetivo da hipertensão contribui para o aumento do risco de complicações graves, incluindo problemas oculares. Campanhas de educação em saúde são vitais para melhorar a detecção precoce e o gerenciamento da hipertensão.
Impacto da Hipertensão na Visão
Cerca de 15% dos indivíduos com hipertensão no Brasil desenvolvem retinopatia hipertensiva, uma condição que pode levar ao comprometimento da visão. Essa complicação ocular é resultado do dano aos vasos sanguíneos da retina causado pela pressão alta. A detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para prevenir a progressão da retinopatia hipertensiva e a perda de visão. Cerca de 5% das pessoas com retinopatia hipertensiva sofrem perda de visão. O acompanhamento regular da saúde ocular e a gestão eficaz da hipertensão são essenciais para prevenir complicações.
Disparidades no Acesso aos Cuidados Oftalmológicos no Brasil
O acesso aos cuidados oftalmológicos para condições oculares relacionadas à hipertensão varia, com áreas urbanas apresentando melhores recursos em comparação às regiões rurais. Nas áreas urbanas do Brasil, cerca de 65% dos pacientes hipertensos têm acesso a cuidados oftalmológicos regulares, enquanto nas áreas rurais, esse número cai para cerca de 30%. Melhorar a infraestrutura de saúde e os recursos em áreas menos desenvolvidas é crucial para garantir oportunidades de tratamento para todos.
Impacto Econômico das Complicações Oculares da Hipertensão
O impacto econômico das complicações relacionadas à hipertensão no Brasil é estimado em mais de R$2.5 bilhões anualmente, considerando tanto os custos diretos com cuidados de saúde quanto os custos indiretos, como a perda de produtividade. Enfrentar a hipertensão de maneira eficaz pode reduzir esses impactos econômicos, beneficiando tanto os indivíduos quanto a economia em geral.
A Importância de Gerenciar a Hipertensão para a Saúde Ocular
O monitoramento regular e o controle da pressão arterial podem reduzir significativamente o risco de condições como a retinopatia hipertensiva e a neuropatia óptica. As iniciativas de saúde pública devem enfatizar a importância de exames oculares de rotina e do manejo da hipertensão para proteger a visão e a saúde geral dos brasileiros.
Ao abordar esses problemas de forma proativa, podemos melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas e reduzir a carga econômica associada às doenças oculares relacionadas à hipertensão.
Fontes:
- Ministério da Saúde, Brasil. (2020). Pesquisa Nacional de Saúde.
- Sociedade Brasileira de Cardiologia. (2021). Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial.
- World Health Organization. (2021). Hypertension.
- Manifestações oculares de doenças sistêmicas II: retinopatia diabética e retinopatia hipertensiva
- Estimating the health and economic effects of the voluntary sodium reduction targets in Brazil: microsimulation analysis
Segurança no Trânsito e a Saúde Ocular
Coordenado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o Maio Amarelo é uma oportunidade para todos contribuírem para a construção de um trânsito mais seguro e humano. O amarelo foi escolhido pois simboliza atenção e também a sinalização e advertência no trânsito.
Paz no Trânsito Começa por Você
O lema da campanha em 2024 é "Paz no trânsito começa por você". Aqui estão algumas das recomendações mais conhecidas para você contribuir para uma maior segurança no trânsito para todos:
- Nunca dirija após consumir bebidas alcoólicas ou qualquer entorpecente, incluindo remédios com prescrição que alterem o seu nível de alerta e capacidade de reação.
- Sempre use o cinto de segurança, valendo para todos os passageiros do veículo.
- Evite dirigir em caso de sonolência, fadiga, e em condições climáticas adversas.
- Não use celular enquanto estiver dirigindo.
E Quanto à Visão?
A visão é um dos nossos sentidos mais importantes, especialmente quando se trata de dirigir um veículo, ajudando a prevenir acidentes. Miopia, hipermetropia e astigmatismo podem afetar negativamente a capacidade de um motorista de enxergar corretamente e reagir a tempo a situações de trânsito. Além disso, doenças oculares, como catarata e glaucoma, podem reduzir a visão periférica e prejudicar a capacidade de julgamento de distância e velocidade, principalmente em condições de baixa visibilidade, como à noite ou na presença de chuva e/ou neblina intensa.
O comprometimento da saúde visual foi responsável por 1,659 sinistros de trânsito em rodovias federais, entre 2016 e 2019.
Estatísticas de Visão e Trânsito no Brasil
Atualmente no Brasil são 20,7 milhões de motoristas e motociclistas que não podem dirigir se não estiverem fazendo uso de óculos ou lentes de contato, quase um terço da população habilitada a dirigir! Outros 332 mil têm restrições associadas à visão (cegueira de um dos olhos), e 102 mil condutores não podem dirigir após o pôr do sol. O comprometimento da saúde visual foi responsável por 1.659 sinistros de trânsito em rodovias federais, entre 2016 e 2019, mostrando como a saúde dos olhos afeta diretamente a segurança no trânsito.
Prevenção e Orientação: A Importância do Exame Oftalmológico
É importante lembrar que pessoas com baixa visão ou que precisam de lentes corretivas podem sim dirigir. O importante é ser preventivo, diagnosticando, tratando quando possível, e sempre orientando o portador de deficiência sobre suas limitações. No exame para a concessão ou renovação da CNH, o especialista analisa as condições do candidato de conduzir um veículo sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres. São analisadas a acuidade visual, o campo de visão, a capacidade do candidato de enxergar à noite e reagir prontamente – com resposta rápida e segura ao ofuscamento provocado pelos faróis dos demais veículos – e a capacidade de reconhecer as luzes e suas posições nos semáforos.
Estar em dia com seu exame oftalmológico anual é importante não só para manter a saúde dos seus olhos, mas também para deixar o trânsito mais seguro para todos!
Fontes:
https://www.onsv.org.br/maioamarelo/conheca-o-movimento
https://hopr.com.br/a-saude-dos-olhos-e-a-seguranca-no-transito-andam-juntas/
26 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Glaucoma
Maio é o Mês da Conscientização sobre o Glaucoma, uma época dedicada a educar o público sobre uma das principais causas de cegueira em todo o mundo. O glaucoma representa um desafio significativo para a saúde pública, afetando quase 80 milhões de pessoas no mundo e impondo pesados encargos econômicos. Este artigo aborda a prevalência do glaucoma no Brasil, seu impacto na cegueira, as questões de conscientização e diagnóstico tardio, as disparidades no acesso ao tratamento e as implicações econômicas dessa doença. Compreendendo esses fatores, podemos apreciar melhor a urgência de enfrentar o glaucoma e as medidas necessárias para mitigar seu impacto na sociedade brasileira.
O glaucoma afeta quase 80 milhões de pessoas no mundo
Prevalência do Glaucoma no Brasil
O glaucoma afeta aproximadamente 2% da população brasileira com 40 anos ou mais. A prevalência do glaucoma aumenta com a idade, chegando a 6.2% no grupo etário entre 70 e 79 anos. O tipo mais comum, o glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), muitas vezes passa despercebido até que ocorra uma perda substancial da visão. A detecção precoce e os exames oculares regulares são cruciais para gerenciar essa condição e prevenir a cegueira. O glaucoma é a segunda principal causa de cegueira no Brasil, atrás da catarata, porém é o maior responsável pelos casos de cegueira irreversível (cerca de 12% dos casos). Esse dado destaca a necessidade crítica de iniciativas de saúde pública focadas na detecção precoce e no tratamento. Sem o manejo adequado, o glaucoma pode levar à perda permanente da visão, impactando severamente a qualidade de vida.
Baixa Conscientização e Diagnóstico Tardio do Glaucoma
Um desafio significativo no combate ao glaucoma no Brasil é a falta de conscientização. Estudos mostram que até 54% das pessoas com glaucoma não respondem à pergunta "O que é glaucoma?”, 54% não sabem qual o objetivo do tratamento, 80% não têm conhecimento do que é uma pressão intraocular média, e 94% não entendem por que os campos visuais são examinados para acompanhamento. Essa falta de conscientização leva a diagnósticos e tratamentos tardios, aumentando o risco de perda grave da visão. Campanhas de educação pública são essenciais para melhorar a conscientização e incentivar exames oculares regulares.
Disparidades no Acesso ao Tratamento do Glaucoma
Em áreas urbanas, os pacientes geralmente têm melhor acesso a oftalmologistas e tratamentos avançados, enquanto em áreas rurais, a falta de infraestrutura de saúde e de profissionais especializados limita significativamente o cuidado adequado. Um estudo mostrou que, nas áreas rurais, a média de tempo para conseguir uma consulta oftalmológica é de 8.4 meses, em comparação com 4.6 meses nas áreas urbanas. Além disso, muitos pacientes em áreas rurais dependem de hospitais públicos devido a restrições econômicas, o que pode atrasar ainda mais o diagnóstico e o tratamento adequados do glaucoma. Essas disparidades destacam a necessidade de políticas de saúde que melhorem o acesso ao cuidado oftalmológico em áreas rurais, garantindo que todos os pacientes possam receber o tratamento necessário.
Impacto Econômico do Glaucoma no Brasil
O impacto econômico do glaucoma no Brasil é significativo, abrangendo tanto custos não médicos diretos quanto indiretos. Em média, os custos não médicos diretos, que incluem transporte, alimentação, hospedagem e despesas com acompanhantes por ano são de:
- R$ 587.47 para casos iniciais,
- R$ 660.52 para casos moderados, e
- R$ 708.54 para casos avançados.
Os custos indiretos, relacionados principalmente à perda de produtividade e aposentadoria devido à doença, são ainda mais elevados:
- R$ 20,156.75 para GPAA inicial,
- R$ 26,988.16 para GPAA moderado, e
- R$ 27,263.82 para GPAA avançado.
Estes custos aumentam conforme a doença progride, destacando a necessidade de estratégias eficazes de prevenção e tratamento para reduzir o impacto financeiro sobre os pacientes e o sistema de saúde.
A Importância dos Exames Oculares Regulares para a Detecção Precoce e Prevenção da Cegueira
Ao detectar a doença em seus estágios iniciais, os indivíduos podem gerenciar sua condição de forma mais eficaz, preservando sua visão e qualidade de vida. Durante o Mês da Conscientização sobre o Glaucoma, enfatizamos a importância de exames regulares e da educação pública para combater esse ladrão silencioso da visão. Tomar medidas proativas agora pode prevenir a cegueira e garantir um futuro mais saudável para milhões de brasileiros.
Os exames oculares regulares são cruciais para a detecção precoce e o tratamento do glaucoma, reduzindo significativamente o risco de cegueira irreversível.
Fontes:
- Glaucoma Research Foundation. (2020). What is Glaucoma?
- World Health Organization. (2021). World report on vision
- Machado, G. M., Braga, L. A., Amorim, R. S., & Silva, T. D. M. N. (2020). Impacto financeiro no tratamento cirúrgico do glaucoma. Revista Brasileira de Oftalmologia, 79, 231-235.
- Annah Rachel Rachel Graciano, Thiago Hayashida Teles de Carvalho, Felipe Zibetti Pereira, Paulo André Assumpção Aires Fonseca, Marcos Augusto Ferreira Vaz, Lucas Mike Naves Silva, Cristine Araújo Póvoa; GLAUCOMA PREVALENCE IN BRAZIL DEMONSTRATED IN TEN YEARS. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci. 2016;57(12):2596.
- Costa VP, Spaeth GL, Smith M, Uddoh C, Vasconcellos JP, Kara-José N. Patient education in glaucoma: what do patients know about glaucoma? Arq Bras Oftalmol. 2006 Nov-Dec;69(6):923-7.
- Glaucoma Care in Rural and Urban Brazil
- Freitas SM, Guedes RAP, Guedes VMP, Paletta LAC, Gravina DM, Chauobah A. Custos não médicos diretos e indiretos relacionados ao glaucoma primário de ângulo aberto no Brasil. Rev Bras Oftalmol. 2019;78(3):166-9.
31 de Maio: Dia Mundial Sem Tabaco
Todos os anos, no dia 31 de maio, a OMS e seus parceiros em todo o mundo comemoram o Dia Mundial Sem Tabaco, destacando os riscos à saúde associados ao uso do tabaco e defendendo políticas eficazes para reduzir seu consumo.
Há 1,3 bilhão de usuários de tabaco em todo o mundo.
O tabagismo é uma preocupação global de saúde pública ligada a diversas doenças crônicas. O tabaco é o único produto de consumo legal que mata até metade de seus usuários quando usado exatamente de acordo com as instruções do fabricante. O uso do tabaco é responsável pela morte de um em cada 10 adultos, totalizando cerca de 8 milhões de pessoas por ano (incluindo mais de 1 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo), sendo assim a causa de morte mais evitável em todo o mundo!
Como o Tabagismo Pode Afetar a Visão
Enquanto seus efeitos sobre a saúde pulmonar e cardiovascular são bem conhecidos, o tabagismo também tem impactos significativos, muitas vezes negligenciados, na saúde ocular. A fumaça do cigarro contém uma mistura de constituintes nocivos, incluindo nicotina e produtos químicos tóxicos. Essas substâncias permeiam a corrente sanguínea e alcançam os tecidos oculares, causando estresse oxidativo e inflamação. Esses processos são centrais para o desenvolvimento de várias doenças oculares.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
A DMRI é uma das principais causas de perda de visão, fortemente associada ao tabagismo. Os fumantes enfrentam um risco maior de DMRI tanto precoce quanto avançada. Os compostos nocivos da fumaça do cigarro desestabilizam o equilíbrio delicado do ambiente ocular, levando a mudanças patológicas na retina e mácula. Estudos demonstram que o estresse oxidativo, a inflamação e os danos vasculares são mecanismos-chave pelos quais o hábito de fumar contribui para a progressão da DMRI.
Catarata
A catarata, caracterizada pela opacificação do cristalino, desenvolve-se mais cedo e progride mais rapidamente em fumantes. Os produtos químicos relacionados ao cigarro, o estresse oxidativo no cristalino e os níveis reduzidos de antioxidantes entre os fumantes contribuem para a progressão das cataratas.
Glaucoma
O glaucoma, uma das principais causas de cegueira globalmente, está ligado ao tabagismo. Pesquisas indicam que o tabagismo pode aumentar a pressão intraocular, um fator de risco significativo para o dano progressivo ao nervo óptico no glaucoma de ângulo aberto. Embora os mecanismos exatos não sejam completamente compreendidos, acredita-se que o estresse oxidativo e a disfunção vascular também desempenhem um papel.
Olho Seco
A síndrome do olho seco, marcada por produção inadequada de lágrimas ou baixa qualidade lacrimal, é mais prevalente entre os fumantes. As substâncias tóxicas na fumaça do cigarro podem alterar a composição do filme lacrimal, aumentando a evaporação das lágrimas e a inflamação. Isso leva a sintomas como secura, irritação e visão embaçada.
Conclusão
O tabagismo representa um risco significativo para a saúde ocular, contribuindo para doenças como DMRI, catarata, glaucoma e síndrome do olho seco. O estresse oxidativo, a inflamação e os danos vasculares causados pelo cigarro ressaltam a importância da conscientização e promover a cessação do tabagismo, para proteger a saúde ocular e melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Enquanto as empresas de tabaco gastam mais de 8 bilhões de dólares por ano em marketing e publicidade, nós continuamos nosso trabalho de formiguinha expondo os riscos do cigarro para a sua saúde.
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Fontes:
- https://www.paho.org/pt/campanhas/dia-mundial-sem-tabaco-2024
- Kulkarni A, Banait S. Through the Smoke: An In-Depth Review on Cigarette Smoking and Its Impact on Ocular Health. Cureus. 2023 Oct 27;15(10):e47779.
O Impacto da Obesidade na Saúde Ocular
A obesidade é uma epidemia global com inúmeras consequências para a nossa saúde, incluindo seu impacto na saúde ocular. Este artigo explora a complexa relação entre obesidade, distribuição de gordura corporal e várias doenças oculares, destacando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para enfrentar esses desafios de saúde.
A obesidade afeta mais de dois bilhões de pessoas no mundo.
A Epidemia de Obesidade e Suas Consequências
A obesidade triplicou em todo o mundo desde 1980, afetando agora mais de dois bilhões de pessoas. O aumento do índice de massa corporal (IMC) e outras medidas de obesidade são fatores de risco críticos para doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, certos tipos de câncer e doenças oculares.
Doenças Oculares Ligadas à Obesidade
As doenças oculares estão se tornando cada vez mais prevalentes, com sérias repercussões na qualidade de vida e nos custos de saúde. As condições oculares mais associadas à obesidade incluem glaucoma, catarata, degeneração macular relacionada à idade (DMRI), retinopatia diabética (RD) e síndrome do olho seco.
Catarata
A catarata, particularmente a catarata subcapsular posterior e a catarata nuclear, está significativamente associada à obesidade. Estudos mostraram que a obesidade abdominal, medida pela circunferência da cintura e pela relação cintura-quadril, é um melhor preditor de catarata do que o IMC. Inflamação e estresse oxidativo, comuns em indivíduos obesos, são fatores cruciais no desenvolvimento da catarata.
Glaucoma
O glaucoma, principal causa de cegueira irreversível, tem fatores de risco multifatoriais, incluindo alto IMC. Estudos revelam uma relação significativa entre obesidade e glaucoma primário de ângulo aberto, principalmente a obesidade abdominal um fator de risco. A pressão intraocular elevada e a inflamação sistêmica em indivíduos obesos contribuem para essa associação.
Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI)
A DMRI é uma das principais causas de cegueira em idosos. Pesquisas indicam que a obesidade, particularmente a obesidade abdominal, está ligada a um aumento do risco de DMRI. Fatores relacionados ao estilo de vida, como dieta e atividade física, desempenham um papel crucial na diminuição desse risco. Por exemplo, uma dieta mediterrânea e atividade física regular têm mostrado reduzir a incidência de DMRI.
Retinopatia Diabética
A retinopatia diabética, uma complicação do diabetes, é exacerbada pela obesidade. O IMC alto e o índice de adiposidade visceral são preditores significativos de retinopatia diabética. A hiperleptinemia e a inflamação sistêmica em pacientes diabéticos obesos contribuem ainda mais para a progressão da RD. Monitorar e gerenciar a obesidade visceral pode ajudar a prevenir o aparecimento da RD.
Síndrome do Olho Seco
A síndrome do olho seco é comumente associada à obesidade devido à inflamação sistêmica e distúrbios metabólicos. Estudos mostram uma correlação positiva entre a porcentagem de gordura corporal e os sintomas de olho seco. Intervenções no estilo de vida, incluindo perda de peso e atividade física, provaram ser eficazes na redução dos sintomas de olho seco.
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) e Doenças Oculares
A SAOS, muitas vezes ligada à obesidade, exacerba várias condições oculares, como a síndrome da pálpebra flácida, a coriorretinopatia serosa central e a neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica. A gordura visceral e a inflamação sistêmica desempenham papéis críticos nessas associações.
A Necessidade de uma Abordagem Multidisciplinar
Dada a complexa ligação entre obesidade e doenças oculares, uma abordagem multidisciplinar é essencial. Os profissionais de saúde devem considerar o peso corporal e a distribuição de gordura ao diagnosticar e tratar condições oculares. Oftalmologistas, nutricionistas e clínicos gerais devem colaborar para enfrentar esses problemas de saúde interconectados de forma eficaz.
O impacto da obesidade na saúde ocular é profundo e multifacetado, exigindo estratégias abrangentes de prevenção e tratamento. Continuar a pesquisa e as iniciativas de saúde pública é crucial para mitigar esses desafios de saúde e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
Ao abordar a obesidade através de modificações no estilo de vida e intervenções médicas, podemos reduzir significativamente o peso das doenças oculares relacionadas à obesidade.
Fonte:
Bosello F, Vanzo A, Zaffalon C, et al. Obesity, body fat distribution and eye diseases. Eat Weight Disord. 2024;29(1):33. Published 2024 May 6.
O Impacto da Anemia na Saúde Ocular
A anemia é uma condição em que o número de glóbulos vermelhos ou a concentração de hemoglobina dentro deles é menor do que o esperado. A anemia é uma grande preocupação de saúde pública, principalmente em crianças pequenas, mulheres grávidas e no pós-parto, e meninas e mulheres adolescentes com menstruação intensa. Países de baixa e média renda carregam o maior fardo da anemia, afetando particularmente as populações que vivem em áreas rurais, em lares mais pobres e que não receberam educação formal.
Globalmente, estima-se que 40% de todas as crianças de 6 a 59 meses, 37% das mulheres grávidas e 30% das mulheres de 15 a 49 anos sejam afetadas pela anemia.
Causas da Anemia
A anemia pode ser causada por deficiência alimentar de ferro, infecções, menstruação intensa, problemas na gravidez, histórico familiar e doenças crônicas como talassemia, traço falciforme e malária. A anemia ocorre quando não há hemoglobina suficiente para transportar oxigênio para os órgãos e tecidos, podendo causar desenvolvimento cognitivo e motor prejudicado durante a infância em casos graves. Também pode causar problemas para mulheres grávidas e seus bebês. A anemia causou 50 milhões de anos de vida saudável perdidos devido à incapacidade em 2019.
Anemia e Complicações Oculares
A anemia pode afetar a saúde ocular de várias maneiras, dependendo do tipo e da gravidade da condição. Aqui estão algumas das principais formas de como diferentes tipos de anemia podem impactar a visão:
1. Anemia por Deficiência de Ferro:
- Pode causar retinopatia, que inclui hemorragias retinianas e edema macular. Isso ocorre devido à diminuição do oxigênio transportado para os tecidos oculares.
- A esclera (a parte branca dos olhos) pode parecer azulada, e a parte interna das pálpebras pode se tornar pálida devido à falta de hemoglobin.
2. Anemia Falciforme:
- Pacientes com anemia falciforme podem desenvolver retinopatia proliferativa, que é uma das principais causas de perda de visão nessa população. Isso inclui alterações vasculares na retina que podem levar a hemorragias vítreas e descolamento de retina.
- Outras complicações incluem elevação da pressão intra-ocular quando apresentam hifema (sangramento na câmara anterior do olho) e oclusão da artéria retiniana central.
3. Anemia por Deficiência de Vitamina B12:
- Pode causar neuropatia óptica, manifestada como palidez do disco óptico. Isso resulta de danos ao nervo óptico devido à falta de vitamina B12.
Prevenção e Tratamento da Anemia
A anemia é prevenível e tratável. A principal forma de tratamento dessas complicações oculares é abordar a causa subjacente da anemia, seja por suplementação nutricional, tratamento de doenças crônicas ou outras intervenções médicas. Em casos de edema macular ou oclusão vascular, tratamentos específicos como a laserterapia ou injeções intravítreas podem ser necessários. A campanha Junho Laranja foi criada para alertar a população sobre duas doenças importantes que envolvem o sangue, a anemia e a leucemia.
Melhorar a diversidade dietética, implementar práticas eficazes de alimentação infantil, fornecer suplementação de micronutrientes e tratar doenças subjacentes e condições crônicas são imperativos críticos para salvar milhões de vidas afetadas pela anemia.
Fontes:
- https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/anaemia
- https://www.who.int/data/gho/data/themes/topics/anaemia_in_women_and_children
- https://retinatoday.com/articles/2016-may-june/anemic-retinopathy-case-reports-and-disease-features
- https://www.allaboutvision.com/conditions/related/anemia-effects-on-eyes/
- AlRyalat SA, Nawaiseh M, Aladwan B, Roto A, Alessa Z, Al-Omar A. Ocular Manifestations of Sickle Cell Disease: Signs, Symptoms and Complications. Ophthalmic Epidemiol. 2020;27(4):259-264.
Janeiro Branco: Mês da Conscientização Sobre Saúde Mental
Você sabia que a perda de visão pode influenciar sua saúde mental?
A perda de visão pode comprometer sua saúde física, elevando o risco de quedas e afetando a qualidade de vida, além de ter um impacto significativo na saúde mental. A perda de visão está associada à solidão, isolamento social e sentimentos de preocupação, ansiedade e medo.
Adultos com perda de visão têm até 3 vezes mais chances de ter depressão comparado com aqueles sem perda de visão.
Segundo uma pesquisa do CDC americano, 1 em cada 4 adultos com deficiência visual relatou ansiedade ou depressão. Curiosamente, adultos jovens com baixa visual apresentam um risco cinco vezes maior de ansiedade ou depressão severas comparados aos idosos, talvez por não terem ainda desenvolvido habilidades de enfrentar a condição.
Se estiver experienciando sintomas de ansiedade ou depressão, converse com seu médico e solicite encaminhamento para um psicólogo.
Quais são os sintomas comuns de ansiedade?
- Dificuldade em controlar a preocupação
- Dificuldade de concentração
- Problemas para dormir
- Inquietação ou nervosismo
- Irritabilidade
Quais são os sintomas comuns de depressão?
- Desinteresse por hobbies e atividades
- Tristeza ou ansiedade
- Sensação de impotência
- Alterações no apetite ou peso
- Falta de energia
É importante que pessoas com perda de visão sejam avaliadas para ambas as condições já que elas podem coexistir. Na verdade, a ansiedade, quando não tratada, pode aumentar o risco de depressão. O tratamento precoce desses problemas pode melhorar significativamente a qualidade de vida.
5 dicas para saúde dos olhos e da mente
- Movimente-se mais. Exercícios melhoram o humor e reduzem o risco de doenças que afetam a visão.
- Alimente-se bem. Comidas nutritivas podem evitar diabetes tipo 2, uma causa comum de perda de visão.
- Informe seu médico sobre seu histórico familiar, já que problemas de saúde mental e oculares podem ser hereditários.
- Não fume. O tabagismo pode diminuir a expectativa de vida e aumentar riscos de doenças oculares.
- Cuide das doenças crônicas, seguindo tratamentos e adotando estilos de vida saudáveis para prevenir problemas de saúde mental.
Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) Podem Causar Cegueira
A Organização Mundial da Saúde estabeleceu 30 de janeiro como o Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), para elevar a consciência sobre doenças que afetam principalmente indivíduos em vulnerabilidade, onde há carência de saneamento básico e acesso a serviços de saúde adequados.
O que são DTNs?
DTNs são infecções prevalentes em populações de baixa renda. Causadas por vírus, bactérias, protozoários e vermes parasitários. Essas enfermidades recebem menos financiamento para tratamento e pesquisa se comparadas ao HIV/AIDS, tuberculose e malária.
Um sexto da população global, mais de 1 bilhão de pessoas, está infectado por uma ou mais DTNs, resultando em aproximadamente 185.000 mortes anuais.
Por que essas doenças são negligenciadas?
As DTNs não afetam apenas a saúde dos indivíduos, mas também provocam sérias repercussões econômicas, sociais e políticas. A incidência das DTNs está fortemente atrelada à pobreza. Os países com as menores taxas de Desenvolvimento Humano (IDH) e as maiores prevalências de DTNs situam-se nas zonas tropicais e subtropicais. O Brasil, ocupando a 70ª posição no ranking de IDH, abriga 9 das 10 principais DTNs, sendo as regiões Norte e Nordeste as mais afetadas.
Quais DTNs podem afetar a visão?
- O tracoma, uma infecção bacteriana ocular, é a principal causa infecciosa de cegueira, impactando 1,9 milhões de pessoas. Predominantemente infantil, é transmitido por contato direto ou por moscas, sendo mais comum em comunidades carentes. O tratamento precoce pode ser eficaz, mas a falta dele pode resultar em cegueira.
- A oncocercose, conhecida como Cegueira dos Rios, decorre de um verme parasita veiculado pela mosca negra. Prevalente em áreas ribeirinhas, é a segunda maior causa infecciosa de cegueira.
Apesar de um aumento no investimento para combate às DTNs, ainda é necessária uma atuação mais robusta de entidades governamentais e privadas para reduzir o impacto dessas doenças.
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10 a 16 de Março: Semana Mundial do Glaucoma
O glaucoma é uma das principais causas de cegueira, responsável pela deficiência visual de mais de 7 milhões de pessoas no mundo. Apesar de ser existir tratamentos para controle da pressão ocular e prevenir o dano visual, o glaucoma ainda é a principal causa de cegueira irreversível. No mundo, estima-se que aproximadamente 80 milhões de pessoas possuem glaucoma, estando em risco de perder a visão. No Brasil, o glaucoma é responsável por 4% dos casos de deficiência visual.
Entre 2-3% da população brasileira acima de 40 anos podem ter glaucoma (1,5 milhão de pessoas)
O que é o glaucoma?
Glaucoma é uma doença caracterizada por um grupo de condições relacionada a danos ao nervo óptico e perda do campo visual, cujo principal fator de risco é o aumento da pressão ocular. Outros fatores de risco incluem histórico familiar, uso crônico de corticóide, trauma ou inflamação ocular e fazer parte de um grupo étnico suscetível. A prevalência do glaucoma aumenta com a idade, sendo incomum entre as pessoas com idade inferior a 40 anos (com a exceção dos casos de glaucoma congênito). Como as fases iniciais do glaucoma normalmente não tem sintoma, os pacientes muitas vezes buscam o tratamento em uma fase já bastante adiantada da doença. A prevenção é essencial porque, uma vez que a visão foi perdida, independentemente do tipo de glaucoma, ela não pode ser restaurada.
Qual o tratamento do glaucoma?
Os dois principais tipos de glaucoma são conhecidos como glaucoma de ângulo aberto e glaucoma de ângulo fechado.
O glaucoma de ângulo aberto pode ser gerenciado pelo uso contínuo de colírios para reduzir a pressão intraocular ou por meio de procedimentos cirúrgicos. Parte do tratamento inclui visitas periódicas ao seu oftalmologista para o monitoramento a longo prazo do campo visual e da pressão intraocular. As crises agudas do glaucoma de ângulo fechado podem ser prevenidas com a detecção precoce através de um exame oftalmológico, seguida de um tratamento a laser ou cirúrgico.
O controle de pressão ocular é a única forma conhecida de evitar a cegueira pelo glaucoma.
Criança também pode ter glaucoma?
O glaucoma congênito é uma causa importante de cegueira infantil. O Teste do Olhinho, que deve ser realizado ainda na maternidade em todos os recém-nascidos, é um teste muito simples, que além de detectar doenças como o retinoblastoma ou catarata, também ajuda a identificar crianças com glaucoma congênito.
Como reduzir o impacto do glaucoma no Brasil?
Para reduzir o número de cegos por glaucoma no Brasil, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia sugere três medidas prioritárias:
- Ampliar o conhecimento da população sobre a doença;
- Garantir que a população pertencente aos grupos de risco (maiores de 50 anos, histórico familiar da doença, afro descendentes, pacientes com pressão intraocular elevada), sejam submetidos a um bom exame oftalmológico;
- Garantir o acesso ao tratamento (com o fornecimento dos colírios necessários) e a educação dos pacientes sobre seu uso.