Inclusão social através da promoção da saúde ocular

No Brasil, dos mais de 1,5 milhão de pessoas cegas, 89% são de comunidades carentes. Enquanto áreas mais ricas têm apenas 0,3% de cegueira, em regiões pobres essa taxa pode ser 4 vezes maior.

Até 80% das doenças oculares poderiam ser prevenidas ou tratadas precocemente, evitando a cegueira.

Apenas 25% dos brasileiros têm seguro saúde que cobre o cuidado dos olhos. Os demais dependem do SUS, que luta para atender a demanda: só em 2023, foram 11,5 milhões de consultas e mais de 2 milhões de cirurgias oftalmológicas.

Temos 19.471 oftalmologistas, o segundo maior número mundial (1 para cada 10.875 brasileiros). No entanto, 77 de 439 regiões de saúde no Brasil carecem de um especialista local. A desigualdade no acesso a esses profissionais agrava as condições de saúde ocular da população.

Com o envelhecimento da população brasileira, doenças como catarata, glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular poderão causar ainda mais cegueira se a falta de acesso a saúde ocular não for remediada.

Ações do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e do Ministério da Saúde visam melhorar o acesso ao atendimento básico e especializado. Tratamentos como cirurgia de catarata e correção de erros refrativos são custo-efetivos e essenciais, assim como a prevenção de doenças como o glaucoma e a retinopatia diabética, que sem a devida atenção podem causar impactos severos na qualidade de vida e custos sociais elevados.


Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs) Podem Causar Cegueira

A Organização Mundial da Saúde estabeleceu 30 de janeiro como o Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), para elevar a consciência sobre doenças que afetam principalmente indivíduos em vulnerabilidade, onde há carência de saneamento básico e acesso a serviços de saúde adequados.

O que são DTNs?

DTNs são infecções prevalentes em populações de baixa renda. Causadas por vírus, bactérias, protozoários e vermes parasitários. Essas enfermidades recebem menos financiamento para tratamento e pesquisa se comparadas ao HIV/AIDS, tuberculose e malária.

Um sexto da população global, mais de 1 bilhão de pessoas, está infectado por uma ou mais DTNs, resultando em aproximadamente 185.000 mortes anuais.

Por que essas doenças são negligenciadas?

As DTNs não afetam apenas a saúde dos indivíduos, mas também provocam sérias repercussões econômicas, sociais e políticas. A incidência das DTNs está fortemente atrelada à pobreza. Os países com as menores taxas de Desenvolvimento Humano (IDH) e as maiores prevalências de DTNs situam-se nas zonas tropicais e subtropicais. O Brasil, ocupando a 70ª posição no ranking de IDH, abriga 9 das 10 principais DTNs, sendo as regiões Norte e Nordeste as mais afetadas.

A oncocercose, conhecida como Cegueira dos Rios, decorre de um verme parasita veiculado pela mosca negra. Prevalente em áreas ribeirinhas, é a segunda maior causa infecciosa de cegueira.

Quais DTNs podem afetar a visão?

  • O tracoma, uma infecção bacteriana ocular, é a principal causa infecciosa de cegueira, impactando 1,9 milhões de pessoas. Predominantemente infantil, é transmitido por contato direto ou por moscas, sendo mais comum em comunidades carentes. O tratamento precoce pode ser eficaz, mas a falta dele pode resultar em cegueira.
  • A oncocercose, conhecida como Cegueira dos Rios, decorre de um verme parasita veiculado pela mosca negra. Prevalente em áreas ribeirinhas, é a segunda maior causa infecciosa de cegueira.

Apesar de um aumento no investimento para combate às DTNs, ainda é necessária uma atuação mais robusta de entidades governamentais e privadas para reduzir o impacto dessas doenças.

Compartilhe este texto e contribua para ampliar a conscientização sobre as DTNs!


Ceratocone: Do Diagnóstico ao Tratamento Eficaz

O que é ceratocone?

O ceratocone é uma alteração na córnea, parte frontal transparente do olho, que começa a projetar-se para fora como um cone. É uma doença que geralmente aparece na adolescência e pode se agravar com o tempo. Estima-se que o ceratocone afete cerca de 1 a cada 2.000 indivíduos.

Fatores de risco incluem histórico familiar da doença, alergias oculares crônicas, como a conjuntivite alérgica, e hábitos como o esfregar constante dos olhos, que podem contribuir para a progressão do ceratocone.

Os sintomas mais comuns do ceratocone começam com uma leve distorção da visão, percepção de halos, e aumento da sensibilidade à luz e ao brilho. À medida que a doença progride, a visão se torna mais embaçada e distorcida, tanto de perto quanto de longe, o que faz com que as pessoas troquem de óculos com frequência, especialmente para corrigir o astigmatismo.

O ceratocone é uma alteração na córnea, parte frontal transparente do olho, que começa a projetar-se para fora como um cone.
Copyright: ©Zarina Lukash

Para diagnosticar o ceratocone, os médicos usam um exame chamado tomografia corneana, que é como uma varredura detalhada da córnea, mostrando sua forma e espessura. Este exame deve ser feito regularmente para acompanhar qualquer mudança.

Quais sāo os tratamentos para o ceratocone?

Felizmente, existem tratamentos para tentar evitar a progressão do ceratocone. Um deles é o cross-linking, que fortalece a córnea usando uma vitamina B2 especial e luz UVA. Isso é especialmente útil para quem ainda enxerga bem com óculos ou lentes de contato, mas cuja visão continua piorando.

Para melhorar a visão, óculos podem ajudar nos casos mais leves, enquanto lentes de contato rígidas ou lentes esclerais (que cobrem uma parte maior do olho) são usadas quando a visão fica mais afetada

Para melhorar a visão, óculos podem ajudar nos casos mais leves, enquanto lentes de contato rígidas ou lentes esclerais (que cobrem uma parte maior do olho) são usadas quando a visão fica mais afetada. Se as lentes não ajudarem ou forem desconfortáveis, pode-se considerar um anel intraestromal, que muda a forma da córnea para melhorar o encaixe das lentes. Nos casos mais avançados, quando outros tratamentos não funcionam, o transplante de córnea pode ser necessário, seja substituindo apenas uma parte da córnea ou toda ela.

O ceratocone é uma jornada de descobertas e adaptações, mas com os cuidados certos, a visão dos pacientes pode ser preservada e por vezes até melhorada!


Janeiro Branco: Mês da Conscientização Sobre Saúde Mental

Você sabia que a perda de visão pode influenciar sua saúde mental?

A perda de visão pode comprometer sua saúde física, elevando o risco de quedas e afetando a qualidade de vida, além de ter um impacto significativo na saúde mental. A perda de visão está associada à solidão, isolamento social e sentimentos de preocupação, ansiedade e medo.

Adultos com perda de visão têm até 3 vezes mais chances de ter depressão comparado com aqueles sem perda de visão.

Segundo uma pesquisa do CDC americano, 1 em cada 4 adultos com deficiência visual relatou ansiedade ou depressão. Curiosamente, adultos jovens com baixa visual apresentam um risco cinco vezes maior de ansiedade ou depressão severas comparados aos idosos, talvez por não terem ainda desenvolvido habilidades de enfrentar a condição.

Se estiver experienciando sintomas de ansiedade ou depressão, converse com seu médico e solicite encaminhamento para um psicólogo.

Quais são os sintomas comuns de ansiedade?

  • Dificuldade em controlar a preocupação
  • Dificuldade de concentração
  • Problemas para dormir
  • Inquietação ou nervosismo
  • Irritabilidade

Quais são os sintomas comuns de depressão?

  • Desinteresse por hobbies e atividades
  • Tristeza ou ansiedade
  • Sensação de impotência
  • Alterações no apetite ou peso
  • Falta de energia

É importante que pessoas com perda de visão sejam avaliadas para ambas as condições já que elas podem coexistir. Na verdade, a ansiedade, quando não tratada, pode aumentar o risco de depressão. O tratamento precoce desses problemas pode melhorar significativamente a qualidade de vida.

Movimente-se mais. Exercícios melhoram o humor e reduzem o risco de doenças que afetam a visão.

5 dicas para saúde dos olhos e da mente

  1. Movimente-se mais. Exercícios melhoram o humor e reduzem o risco de doenças que afetam a visão.
  2. Alimente-se bem. Comidas nutritivas podem evitar diabetes tipo 2, uma causa comum de perda de visão.
  3. Informe seu médico sobre seu histórico familiar, já que problemas de saúde mental e oculares podem ser hereditários.
  4. Não fume. O tabagismo pode diminuir a expectativa de vida e aumentar riscos de doenças oculares.
  5. Cuide das doenças crônicas, seguindo tratamentos e adotando estilos de vida saudáveis para prevenir problemas de saúde mental.