Abril Azul – Mês de Conscientização sobre o Autismo

Encerrando o mês multicolorido de abril, hoje vamos falar sobre o Abril Azul!

O Abril Azul foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para conscientizar as pessoas sobre o autismo e o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de trazer mais visibilidade e buscar uma sociedade mais consciente, menos preconceituosa e mais inclusiva. No autismo, o azul estimula o sentimento de calma e maior equilíbrio nas situações em que, por exemplo, a criança apresenta uma sobrecarga sensorial. Atualmente, o autismo é representado pelo símbolo do infinito colorido, escolhido e criado pelos próprios autistas. O logotipo refere-se à neurodiversidade e às várias formas de expressão dentro do TEA.

1 em cada 160 crianças no mundo tem Transtorno do Espectro Autista

O manual desenvolvido pela Associação Americana de Psiquiatria define o TEA como um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos, podendo ser encontrado em três níveis de suporte: autismo leve, moderado e severo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 70 milhões de pessoas são autistas no mundo. Aqui no Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria disponibiliza um Manual de Orientação na internet sobre o TEA.

Por um lado, crianças com deficiência visual tem dificuldades similares a crianças com TEA, como dificuldades de aprendizado, interação social e introversão

O autismo afeta a visão?

Mas por que nós, da Estação do Olho, um portal sobre saúde ocular, estamos falando sobre autismo? Será que existe alguma relação com a visão? Continue lendo que a gente explica!

Por um lado, crianças com deficiência visual têm dificuldades similares às de crianças com TEA, como dificuldades de aprendizado, interação social e introversão. Elas também podem apresentar sinais que se confundem com autismo, como baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; baixa atenção à face humana e não seguir objetos e pessoas próximos em movimento. Um exame oftalmológico completo pode identificar erros de refração não corrigidos ou outras doenças tratáveis, evitando um falso diagnóstico de TEA e proporcionando à criança as condições para um desenvolvimento educacional e social adequado.

Por outro lado, crianças com TEA também podem ter problemas oftalmológicos, que podem ser negligenciados por concluírem precocemente que os sintomas são exclusivamente secundários ao autismo. Outra causa de atraso no diagnóstico de doenças oculares é a dificuldade em examinar crianças no espectro, principalmente as mais graves como as não-verbais. Em quase a metade das crianças com TEA, a colaboração no exame é pouca ou nula. A prescrição de óculos, quando adequado, ou o tratamento de qualquer doença ocular que possa estar atrapalhando a visão da criança, garante que, apesar das limitações impostas pelo TEA, ela possa interagir e se desenvolver da melhor maneira possível.

Apenas metade das crianças com TEA tem visão normal

Alterações oftalmológicas são mais comuns em crianças com TEA do que na população em geral. Uma em cada cinco crianças com TEA (21.2%) precisa de algum tipo de tratamento oftalmológico, sendo os mais comuns óculos, tampão e injeção de Botox para tratamento de estrabismo. As alterações mais comuns são:

  • Astigmatismo (19.7%);
  • Miopia (8.2%);
  • Hipermetropia (20.5%);
  • Estrabismo (15.4%);
  • Deficiência de convergência (25.9%); e
  • Alterações do nervo óptico (4.4%).

Todas as crianças, dentro do espectro ou não, merecem um exame oftalmológico completo. Só assim podemos garantir que cada uma delas atinja seu potencial!

Todas as crianças, dentro do espectro ou não, merecem um exame oftalmológico completo. Só assim podemos garantir que cada uma delas atinja seu potencial!


Fontes:

https://www.gov.br/hfa/pt-br/abril-azul-mes-de-conscientizacao-sobre-o-autismo

Gutiérrez C, Santoni JLM, Merino P, de Liaño PG. Ophthalmologic Manifestations in Autism Spectrum Disorder. Turk J Ophthalmol. 2022;52(4):246-251.

https://www.ufpb.br/cras/contents/documentos/cartilha-transtorno-do-espectro-do-autismo.pdf